sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A DIVERSÃO É LEVADA A SÉRIO NO BRASIL

A indústria de desenvolvimento de jogos no Brasil ainda é pequena, mas cresce a passos largos. De 2004 para 2008, o segmento teve a expansão de 400% e a expectativa é de que chegue a crescer mais 50% este ano. 

“Algumas empresas devem expandir isoladamente mais do que isso” diz o vice-presidente da Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos(ABRAGAMES), Fred Vasconcelos, sócio das empresas de jogos Jynx Playware e Joy Street, localizadas no pólo digital de Recife, onde existem mais nove empresas do mesmo segmento. Em contrapartida ao crescimento exponencial, o país não forma profissionais especializados nessa área de mercado “Se começarmos a produzir games em grande escala, não tem gente para contratar”, diz o modelador Rafael Grassetti, de 22 anos, que faz trabalho para os mais importantes estúdios internacionais. 

Já faz uma década que o segmento de games cresce 10% ao ano no mundo. A indústria global lucrou com isso em 2008 cerca de 48 bilhões de dólares. A participação brasileira nessa fatia representa apenas 0,16% disso. “O problema do Brasil são os impostos sobre os produtos que chegam aqui, o que incentiva a pirataria e acaba atrapalhando o desenvolvimento da industria”, diz Rogério Félix, coordenador do curso Playgame, da Saga, com sedes em São Paulo, Brasília, Salvador e Recife. 




O mercado brasileiro de games começou timidamente no final da década de 90. Em 2001, em Recife, foi criada a Associação Internacional de Desenvolvedores de Jogos. No mesmo ano surgiu a primeira disciplina de jogos de computador dentro da Faculdade de Ciências da Computação da Universidade Federal de Pernambuco. Em 2004, empresários de Belo Horizonte criaram a Abragames. 

OPORTUNIDADES 
A falta da mão de obra se dá principalmente porque a indústria tem crescido mais rápido do que esses profissionais se formam. Além disso, a remuneração não é muito atraente. “Se o recém-formado em ciências da computação, engenharia da computação ou em outra área ligada à tecnologia da informação for trabalhar em multinacionais, por exemplo, vai ganhar bem mais do que se esse mesmo recém-formado estivesse trabalhando com games no Brasil”, conta Bruno Santos, de 30 anos, produtor da Tectoy Digital, empresa com sede em Campinas, SP, que surgiu como um projeto entre os estudantes. 

EQUIPE DA JOGATINA 
Para se desenvolver um jogo, independentemente da plataforma (PC, celular, vídeo games...) precisa-se de uma equipe multidisciplinar com profissionais (isso você confere em outra matéria) como designer, ilustrador, animador, modelador e programador. A Jynx, que desenvolve games corporativos e ‘advergames’ (jogos de publicidade, usados para promover certa marca), conta com 35 funcionários e têm vagas para ilustrador, programador e analista de marketing. Isso é apenas um dos exemplos de como falta profissionais para preenchimento dessas vagas. 



A Gamemax, de São Paulo, empresa que publica no país jogos estrangeiros online como o Cabal, tem 32 funcionários e pretende começar o ano fiscal de 2011 com 100 funcionários. “Pretendo publicar mais jogos e triplicar de tamanho”, afirma o presidente da marca, Gilberto Akisino. A Fingertips, desenvolvedora de jogos e aplicativos para IPhone, tem 25 funcionários e prevê crescimento acelerado. “Vamos criar uma unidade apenas para fazer games”, conta o diretor de novos negócios, Renato Gosling. 

AUTODIDATAS 
Existem hoje espalhados pelo país cursos livres, técnicos, de graduação e pos voltados especialmente para a área de games. “Quem procura essa formação são jovens antenados, que gostam de tecnologia e jogaram videogame a vida toda”, conta o coordenador do curso de design de games da Universidade Anhembi Morumbi, primeira graduação na área, fundada em 2006. 

Mas o que mais se encontra no mercado são pessoas formadas na área da computação que se especializam na prática ou os que aprendem com tutoriais na internet, os chamados ‘autodidatas’. Como foi o caso de Daniel Coquieri, de 28 anos, sócio da O2 Games, de Belo Horizonte. Tecnólogo em processamento de dados, aprendeu a desenvolver para internet aos 14 anos de idade. Aos 18, já era analista programador pleno do banco Santander. A partir disso, começou a desenvolver um jogo de futebol. Encontrou um grupo de empresários que financiou sua idéia, e hoje têm-se o Gamegol com mais de 600.000 usuários. 

Onde estudar



SENAC: Tem vários cursos livres específicos a área de games em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia. 
SAGA: Cursos livres como o Playgame, em São Paulo; e Sinapse em Recife. 
POLI-BENTINHO: Técnico em design e projeto de games em Campinas. 
FAESA: Técnico em jogos digitais em Vitória. 
ANHEMBI MORUMBI: Graduação em Design de games em São Paulo. 
UNIVERSIDADE FEDERAL PERNAMBUCO: Ciência da computação com disciplinas de jogos de computador desde 2001. 

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